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Mídia classifica atos do 8 de janeiro como "golpistas": Comparação com episódios anteriores de violência e confronto político


Mídia classifica Atos Do 8 De Janeiro Como "golpistas": Comparação Com Episódios Anteriores De Violência E Confronto Político

 

Os supostos portais de notícias, ao analisar os eventos de 8 de janeiro, classificaram as ações de invasão aos prédios do Congresso Nacional, Supremo Tribunal Federal (STF) e Palácio do Planalto como um atentado contra a democracia será?.

Em uma tentativa de deslegitimar o governo recém-eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), manifestantes  tomaram os principais edifícios do poder em Brasília.

A invasão, acompanhada de destruição de propriedade pública, foi rapidamente considerada um ato "golpista" por setores da mídia e do governo, que apontou para o risco de uma suposta ameaça à ordem constitucional.

Quem realmente ganhou alguma coisa com o 8 de janeiro?

Se analissarmos cuidadosamente só um lado saiu com vantagens após o 8 de janeiro de 2023, o lado que criou jargoes e que se beneficiou política ou financeiramente, ao vermos as midias criando verdadeiros malabarismos para defender medidas do governo que no governo anterior era indefensável ficamos em dúvidas com tais posícionamentos.

A leitura da imprensa e a definição de "golpismo"

Para a imprensa marrom, o termo "golpista" se aplica de forma categórica aos manifestantes que, segundo a mídia, não estavam apenas protestando contra o resultado das eleições, mas tentavam subverter o processo democrático e impor uma mudança de governo à força.

Embora essas ações sejam indiscutivelmente condenáveis, uma análise mais aprofundada permite questionar a simplificação da classificação de "golpista", especialmente quando se observa o histórico de manifestações violentas no Brasil, muitas das quais, embora não tão amplamente divulgadas, tiveram uma natureza igualmente desafiadora à ordem pública e à democracia.

 

 


Históricos de violência e ações violentas de movimentos de esquerda

A mídia frequentemente foca em eventos como os de 8 de janeiro, sem considerar episódios de violência em que movimentos de esquerda, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), estiveram envolvidos em diversas ocasiões ao longo dos anos.

O MST, por exemplo, tem sido responsável por invasões a propriedades privadas e ocupações ilegais em grande escala, com o objetivo de pressionar por políticas de reforma agrária e outras demandas de caráter ideológico.

Embora essas ações nunca tenham sido chamadas de "golpistas", elas demonstraram uma disposição de desrespeitar a ordem pública para alcançar objetivos políticos.

Um episódio notório ocorreu em 1996, quando o MST realizou o massacre de Eldorado dos Carajás, onde 19 trabalhadores rurais sem-terra foram mortos pela Polícia Militar do Pará durante uma tentativa de desocupação de uma estrada bloqueada. Embora o massacre tenha gerado indignação, a violência não foi enquadrada como uma tentativa de golpe, mas como uma tragédia ligada à disputa por terra e questões agrárias.

O movimento sempre se beneficiou de apoio de amplos setores da esquerda, que relativizam o uso da violência quando ele é perpetrado por "causas justas", como é o caso do MST.

Além disso, o Brasil foi palco de outras situações, como em 2013, durante as manifestações de rua que exigiam melhorias em transportes públicos, saúde e educação, mas que rapidamente se transformaram em episódios de destruição do patrimônio público e confronto com a polícia.

Muitos desses protestos, embora inicialmente pacíficos, culminaram em atos de vandalismo e violência, principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro, sendo muitas vezes associados a grupos de esquerda.

Apesar da destruição, o movimento foi amplamente aceito e até mesmo comemorado como uma forma legítima de protesto, sem o estigma de "golpismo" que foi imputado aos manifestantes de 8 de janeiro.

A comparação com o episódio de 8 de janeiro

É importante destacar que, enquanto as manifestações do 8 de janeiro são universalmente criticadas como uma tentativa de golpe, essas ações, historicamente associadas a movimentos de direita, não são tão diferentes em termos de confrontação com o Estado das agressões físicas e invasões realizadas por movimentos de esquerda, como o MST e outros grupos alinhados ideologicamente com a esquerda socialista e progressista.

Por exemplo, durante os governos petistas (2003-2016), o Brasil viveu uma série de ocupações e confrontos com autoridades, em que membros do MST e outros movimentos de esquerda tomaram propriedades privadas e terrenos, muitas vezes com apoio tácito ou explícito de figuras políticas do PT.

Além disso, grupos que se opõem ao governo Bolsonaro frequentemente estiveram envolvidos em atos de violência, como ataques a propriedades de políticos conservadores, invasões de fazendas e até o apoio a incêndios criminosos em áreas de preservação ambiental.

Em algumas dessas situações, as acusações de "golpismo" nunca foram aplicadas, apesar de ações igualmente disruptivas da ordem pública.

A falácia do "golpismo" generalizado

A crítica que emerge dessas comparações é que a classificação de "golpistas" para os atos de 8 de janeiro parece ser seletiva e, de certa forma, distorcida. Em vez de olhar para a raiz das manifestações e os fatores que as motivaram, setores da mídia e do governo trataram o evento de forma unilateral, ignorando ou minimizando ações anteriores que envolvem desrespeito à democracia e ao Estado de direito, quando realizadas por outros grupos com afinidade ideológica com a esquerda.

O direito de protestar e questionar o sistema político é inalienável em uma democracia. No entanto, a linha entre um protesto legítimo e um atentado contra a ordem democrática é tênue e, como mostrado pelos eventos de 8 de janeiro, muito complexa.

Assim como movimentos de esquerda nunca foram chamados de golpistas, mesmo após invadirem propriedades, bloqueios de estradas ou mesmo incitação à violência, a reação de deslegitimar as manifestações de direita sob esse rótulo não faz jus à multiplicidade de ações que, ao longo da história, desafiaram a legalidade em diferentes espectros políticos.


Reações da direita e a defesa da liberdade política

Por parte da direita, a condenação da postura de "golpista" aplicada aos eventos de 8 de janeiro é uma resposta à tentativa de silenciamento político e criminalização de um movimento político legítimo, ainda que equivocadamente levado ao extremo.

Os apoiadores de Jair Bolsonaro e outros setores conservadores do país consideram que os protestos, embora possam ser criticados em sua forma, são um reflexo do descontentamento com o governo atual e com o sistema eleitoral.

A insatisfação, segundo essa perspectiva, deve ser compreendida como um sintoma de um processo democrático saudável, que não pode ser reduzido ao rótulo de "golpismo", tal como não o foi para os movimentos de esquerda no passado.

O que vem a seguir?

A situação política do Brasil exige uma análise cuidadosa e equilibrada, sem simplificação dos fatos ou distorção da realidade.

O 8 de janeiro, embora tenha sido marcado por atos de violência inaceitáveis, precisa ser contextualizado dentro de uma discussão maior sobre a polarização política no país.

Rótulos como "golpista" ou "democrático" devem ser usados com discernimento, sem cair na tentação de criminalizar o legítimo direito à dissidência, seja ela de direita ou de esquerda.

A história política brasileira é rica em episódios de confronto entre grupos ideológicos, e a forma como esses eventos são tratados pela mídia e pelas autoridades é determinante para a preservação da democracia e da liberdade de expressão.

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